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A depressão não precisa ser o fim

Estima-se que 5% dos adultos no mundo sofram de depressão, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). No entanto, especialistas alertam que a crise de saúde global permanece negligenciada. Como podemos entender e lidar com a depressão?

Escrito por Vd. Matheus Macêdo e Rodrigo Raposo

O que é a depressão, de acordo com a Medicina Moderna?

A depressão é um transtorno de humor muito sério, que jamais deve ser menosprezado, que causa um sentimento contínuo de tristeza e de perda de interesse. 

Os sintomas mais comuns dos transtornos depressivos são: tristeza, vazio ou irritabilidade, acompanhados de alterações somáticas e cognitivas que afetam significativamente a capacidade funcional do indivíduo.

Você sabia que, em 16 anos, o número de mortes relacionadas com depressão cresceu de forma absurda no Brasil? Um levantamento feito pelo O Estado de S. Paulo mostrou um estudo envolvendo mortes por suicídio e outras mortes relacionadas à depressão. 

Tipos de depressão

Eu (Matheus) sempre gosto de esclarecer para minhas alunas e pacientes que a depressão não é uma coisa só. Existem várias formas de depressão, cada uma com características específicas e critérios diagnósticos distintos:

● Transtorno de desregulação do humor disruptivo;
● Transtorno depressivo maior;
● Transtorno depressivo persistente (distimia);
● Transtorno disfórico pré-menstrual;
● Transtorno depressivo devido a outra condição médica.

É importante frisar que existe também a depressão que ocorre em resposta a um evento estressante ou situação difícil que acontece na vida de uma pessoa. Por exemplo, a morte de um ente querido, divórcio ou uma perda de emprego. Nestes casos, os sintomas são geralmente temporários e se resolvem quando a pessoa se adapta à situação.

Portanto, nem todo caso de depressão pode ser considerado clínico, mas todo caso deve ser tratado com muito carinho e uma alta dose de empatia.

Quais são as causas da depressão?

Acredita-se que a causa do transtorno depressivo maior (o tipo mais grave de depressão) seja multifatorial. Nesse sentido, pode incluir fatores genéticos, neuroquímicos e ambientais. Vamos te explicar a seguir:

Fatores genéticos

Segundo o Ministério da Saúde,  a depressão pode ser hereditária, com esse fator representando 40% das chances de se desenvolver esse tipo de desequilíbrio.

Fatores neuroquímicos

Nos casos neuroquímicos, a depressão ocorre por haver uma deficiência cerebral dos neurotransmissores noradrenalina, serotonina e dopamina. Ou seja, o cérebro para de receber essas substâncias, que são fundamentais na regulação da atividade motora, do apetite, do sono e do humor.

Fatores ambientais

Como mencionamos mais acima, alguns eventos estressantes, como perda de emprego, morte de um ente querido ou divórcios, por exemplo, podem provocar episódios de depressão. Mas esses casos geralmente ocorrem em pessoas que já possuem predisposição genética para este desequilíbrio.

E quais são os sintomas da depressão?

Entre os sintomas mais comuns da depressão, podemos citar:

● humor muito baixo ou deprimido por um longo período;
● diminuição do interesse em atividades prazerosas;
● sentimentos de culpa ou inutilidade;
● falta de energia;
● baixa concentração;
● alterações de apetite;
● retardo psicomotor ou agitação;
● distúrbios do sono; 
● pensamentos suicidas.

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª Edição (DSM-5), para ser diagnosticado com depressão maior, um indivíduo deve apresentar cinco dos sintomas mencionados acima, dos quais um deve ser um humor deprimido ou anedonia causando comprometimento social ou ocupacional.

Depressão pode ser tratada com mudanças no estilo de vida e práticas integrativas?

Vamos falar dos 4 pilares da saúde? Se você já acompanha o Vida Veda há um tempo, já sabe que eu (Matheus) criei uma metodologia que eu chamei de Os 4 Pilares da Saúde, que costumamos usar em nossas práticas clínicas para tratar nossas pacientes. 

E muitas vezes nos surpreendemos de como apenas mudando os hábitos de vida de uma pessoa, em muitos casos, as doenças ou transtornos crônicos desaparecem. E a depressão também pode ser tratada com mudanças no estilo de vida. Vamos ver?

Os 4 Pilares da Saúde

Movimento: A atividade física regular é uma das formas mais eficazes de melhorar o humor e a saúde mental. O exercício ajuda a liberar endorfinas e outros neurotransmissores que promovem o bem-estar. Além disso, pode reduzir o estresse, melhorar o sono e aumentar a autoestima. Mas para isso, sempre frisamos que esse pilar precisa envolver SUOR e DIVERSÃO. 

Alimentação: Uma alimentação rica em nutrientes essenciais pode influenciar positivamente a saúde mental. Por exemplo, nutrientes como ômega-3, vitaminas do complexo B, vitamina D e outros minerais são importantes para o funcionamento saudável do cérebro. Evitar o consumo excessivo de álcool, cafeína e alimentos processados e ultraprocessados também pode ajudar a manter o equilíbrio emocional.

Sono: O sono de qualidade é vital para a saúde mental. A falta de sono pode exacerbar sintomas de depressão e ansiedade. Portanto, estabelecer uma rotina de sono regular, evitar eletrônicos antes de dormir e criar um ambiente de sono confortável são práticas que podem melhorar a qualidade do sono.

Silêncio: Técnicas de mindfulness, que envolvem prestar atenção ao momento presente de forma não julgadora, podem ajudar a reduzir o estresse e melhorar o humor. 

A depressão de acordo com o Ayurveda

O Ayurveda já mencionava desequilíbrios semelhantes à depressão há mais ou menos 1.500 anos, chamadas Vishada e Avasada.

Embora esse problema em particular não seja narrado em um único capítulo ou título, na literatura clássica, encontramos referências dispersas em vários textos. 

O Sushruta Samhita descreve vishada como sendo “um sentimento de incompetência para agir sobre um trabalho desejado. Isso se refere à perda de autoconfiança no transtorno, levando a pessoa à tríade de inutilidade, desesperança e desamparo.” (Su.Su.1:24)

Já no clássico Charaka Samhita, o comentarista Gangadhara diz que vishada “é um sentimento constante de tristeza e culpa inapropriada”. (Ca.Su.20:11)

O Ayurveda considera que sharira (corpo) e sattva (mente) estão inter-relacionados entre si. Quando um dosha do corpo é agravado, eventualmente os dois doshas da mente (rajas e tamas) também agravam. Isso significa que, junto com a doença física, a doença mental também ocorre e vice-versa.

A mente positiva e saudável e a adoção de um estilo de vida adequado ajudam a recuperar doenças físicas rapidamente e mantém o corpo saudável e pode ser melhor alcançado pela abordagem psicológica ayurvédica.

Conclusão

Tanto o Ayurveda como a psicologia e psiquiatria modernas acreditam que manter um estilo de vida saudável ajuda a pessoa com tendências à depressão a manter uma mente saudável. Afinal, não tem como ter uma mente saudável se o seu corpo não está saudável e vice-versa.

Se você se interessou por esse artigo e quiser se aprofundar mais sobre saúde mental, em outubro iremos começar um curso novo na nossa plataforma do Nilaya, nossa Comunidade de Estudos Continuados em Ayurveda chamado Mente sem Véu. Além deste curso, você poderá também acessar diversos outros já disponíveis lá, bem como participar da Mentoria Nilaya, um encontro mensal com o Vd. Matheus Macêdo, onde você poderá tirar dúvidas ao vivo. 

Um grande abraço e lembre-se sempre: SAÚDE É LIBERDADE!

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