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3 plantas medicinais que você precisa ter na cozinha

por Marilia Mayorga e Vd. Mateus Macêdo | Vida Veda

E se a sua cozinha fosse, de fato, uma pequena farmácia natural?
Primeiramente, no Ayurveda, isso não é metáfora, pois plantas, especiarias e alimentos do dia a dia sempre foram vistos como substâncias capazes de sustentar o equilíbrio do corpo quando usados com consciência, regularidade e respeito ao contexto individual.
Neste artigo, vamos olhar com mais atenção para três plantas simples e acessíveis, e entender como o Ayurveda observa suas propriedades e o que a ciência moderna descreve sobre seus efeitos.
O objetivo aqui não é substituir tratamentos médicos nem incentivar a automedicação, mas ampliar a forma como você se relaciona com aquilo que já está, literalmente, à sua disposição.


Assista ao vídeo que inspirou este artigo
3 PLANTAS MEDICINAIS que você PRECISA ter na cozinha | Os remédios caseiros POTENTES do Ayurveda


Antes de falar das plantas: como o Ayurveda entende as ervas medicinais

Quando falamos em plantas medicinais, é comum procurar listas de “benefícios”, mas o Ayurveda segue outro caminho.
Em vez de começar pelo efeito final, ele observa como a planta age no corpo. Essa observação parte de perguntas simples, mas profundas:
Essa planta aquece ou resfria?
Estimula ou acalma a digestão?
Nutre tecidos ou ajuda a eliminar excessos?
Age de forma suave ou intensa?

Para organizar essa percepção, os textos clássicos utilizam alguns critérios fundamentais, dentre eles:
Sabor (rasa): indica tendências de ação no organismo, não apenas paladar.
Qualidades (guna): leve, pesado, seco, oleoso, estável ou móvel.
Potência (virya): se aquece ou resfria o sistema como um todo.
Efeito pós-digestivo (vipaka): como a substância atua depois de metabolizada.

Sendo assim, essa lógica explica por que a mesma planta pode ser ótima para uma pessoa e inadequada para outra. Não existe “erva boa para todo mundo”. Existe contexto.
A ciência moderna observa esses mesmos fenômenos por outra lente: identifica compostos, mecanismos fisiológicos e associações clínicas.
De tal forma que, quando essas duas visões dialogam, o entendimento se aprofunda e com isso em mente, fica mais fácil entender o papel de cada planta na cozinha.

1. Louro (Laurus nobilis)

O louro é um velho conhecido da culinária brasileira, tendo como função básica “tirar gases do feijão”. Mas tanto no Ayurveda quanto na fitoterapia moderna, seu papel é bem mais amplo.

O que a ciência moderna observa
As folhas de louro contêm óleos essenciais, flavonóides e taninos associados a efeitos digestivos, carminativos, antioxidantes e anti-inflamatórios. Além disso, alguns estudos também investigam sua atuação como apoio metabólico, sempre dentro de um contexto alimentar adequado.

Como o Ayurveda entende o louro
No Ayurveda, o louro é reconhecido por sua natureza quente, leve e penetrante, e atua principalmente na dissolução de ama (toxinas metabólicas) e no fortalecimento do agni.
O louro é conhecido como Tejapatra, “folha de fogo”, isto é indício da sua principal ação: estimular e transformar.
Ele é descrito como uma planta de natureza aquecedora, leve e penetrante, que fortalece o fogo digestivo (agni), ajuda a reduzir gases, sensação de peso e lentidão.

Por isso, seu uso junto a leguminosas não é apenas cultural: ele ajuda o corpo a lidar melhor com alimentos mais densos e difíceis de digerir.
Tradicionalmente, também é utilizado como apoio em quadros respiratórios leves, como congestão e bronquite, além de ser descrito como auxiliar na circulação, no metabolismo lipídico e no equilíbrio do kapha agravado.

Como usar no dia a dia
1–2 folhas em feijão, lentilhas, sopas e ensopados
Chá digestivo leve após refeições mais pesadas
Em dias frios e úmidos, combinado com gengibre em caldos

Quem deve usar com cautela
Pessoas com azia frequente, gastrite ativa ou sensação constante de queimação devem usar com moderação.

2. Manjericão (Ocimum basilicum)

O manjericão é conhecido pelo aroma marcante e presença na culinária mediterrânea. No Ayurveda, ele é valorizado por sua capacidade de movimentar, clarear e harmonizar.
Dentro do gênero Ocimum, o Ayurveda também reconhece o Tulsi (Ocimum sanctum) como uma planta sagrada e medicinal.
Ambos compartilham qualidades aromáticas, digestivas e protetoras, sendo utilizados de formas distintas conforme o contexto terapêutico e culinário.

O que a ciência moderna observa
O manjericão contém óleos essenciais, flavonóides e compostos antioxidantes associados a efeitos anti-inflamatórios, antimicrobianos e digestivos. Além disso, estudos também investigam sua atuação no sistema cardiovascular e metabólico, sempre como parte de um estilo de vida saudável.

Como o Ayurveda entende o manjericão
Em princípio, o manjericão é leve, aromático e estimulante suave.
Ele ajuda a reduzir o excesso de muco, melhora a digestão e promove sensação de clareza mental. É especialmente útil quando há sensação de peso após as refeições ou mente “embaçada”.
Também é descrito como auxiliar em quadros de tosse, verminoses, coceiras, distúrbios cutâneos e desequilíbrios relacionados ao calor interno, com uso tanto interno quanto externo.

Como usar no cotidiano
Folhas frescas em saladas, legumes e arroz
Pesto feito com azeite e oleaginosas
Chá leve após refeições mais pesadas

Quem deve observar com mais atenção
Pessoas com inflamações digestivas importantes devem observar a resposta do corpo, especialmente em preparações concentradas.

3. Alcaçuz (Glycyrrhiza glabra)

O alcaçuz talvez seja o menos comum na cozinha brasileira, mas ocupa um lugar central no Ayurveda, onde é conhecido como Yashtimadhu.
Nos textos clássicos, o Yashtimadhu é classificado como uma erva Rasayana, associada à nutrição profunda dos tecidos, ao suporte da vitalidade e ao cuidado com processos de desgaste ao longo do tempo.

O que a ciência moderna observa
O alcaçuz contém compostos associados à proteção da mucosa gástrica, ação anti-inflamatória e suporte ao sistema respiratório. Ao mesmo tempo, a literatura científica diz que existem riscos do uso prolongado e em altas doses, especialmente relacionados à retenção de líquidos e pressão arterial.

Como o Ayurveda entende o alcaçuz
Além do suporte digestivo, o alcaçuz é empregado no Ayurveda como apoio à saúde respiratória, à voz, à pele e ao sistema nervoso, sendo descrito como útil em quadros de tosse seca, rouquidão, inflamação de mucosa, fadiga profunda e processos de envelhecimento precoce.
No Ayurveda, o alcaçuz é doce, nutritivo, suavizante e calmante para tecidos ressecados e irritados, especialmente quando vata e pitta estão elevados.
Seu uso externo é indicado em cuidados com a pele e o couro cabeludo, quando há ressecamento, irritação ou inflamação.

Como usar com segurança
Chá suave, ocasional, para garganta ou estômago
Sempre em pequenas quantidades
Preferencialmente combinado com outras ervas

Quem deve evitar ou usar apenas com orientação
Pessoas com hipertensão, doenças cardíacas ou renais, gestantes e quem usa diuréticos ou corticoides.

Cozinha como farmácia: uso das plantas com consciência

Apesar de atuarem de formas diferentes, essas plantas dialogam com um mesmo eixo central no Ayurveda: o cuidado com o fogo digestivo e a prevenção do acúmulo de ama. Algumas plantas estimulam, outras suavizam e é justamente essa inteligência relacional que transforma a cozinha em um espaço terapêutico.
Louro, manjericão e alcaçuz mostram que não é preciso nada exótico para apoiar a saúde.
Ou seja, mostram como, no Ayurveda, a cozinha ultrapassa a função nutricional e se torna um espaço de cuidado contínuo. Ao estimular, suavizar ou nutrir o fogo digestivo, elas ajudam a manter o equilíbrio dos doshas e a prevenir o acúmulo silencioso de desequilíbrios ao longo do tempo.
No Ayurveda, saúde não é sobre regras fixas, mas sobre observação, adaptação e constância.

Importante ressaltar que nada aqui substitui tratamento médico. As ervas aqui apresentadas, atuam como coadjuvantes, não como soluções isoladas, sendo assim o acompanhamento com profissionais especializados é a melhor alternativa quando há questões mais sérias de saúde. Os profissionais que indicamos estão na Dr. Integra.

Como começar usar as plantas no dia a dia?

Se você quiser dar um primeiro passo simples e conectado com os ensinamentos do Ayurveda, uma sugestão é:
Escolher uma planta para observar nas próximas semanas (por exemplo, o manjericão).
Usá-la de forma consciente na alimentação.
Perceber como fica sua digestão, sua energia e sensação geral no corpo.
Essa postura de experimentar com atenção, em vez de apenas copiar receitas prontas, é profundamente ayurvédica.

Mas, você sente que quer ir além desse primeiro passo, existe um caminho estruturado para isso.
O Invicta é um curso prático de Ayurveda com duração de 12 meses, no qual você caminha junto com uma comunidade para transformar seus 4 Pilares da Saúde: alimentação, sono, movimento e silêncio.
Dentro do Invicta, há um módulo inteiro dedicado às plantas medicinais, incluindo aulas sobre:
Como extrair o potencial das plantas medicinais, plantas para dor, plantas para ansiedade e insônia e plantas para letargia e estados depressivos.

O curso foi desenhado para ser vivido na prática, com aulas semanais, exercícios aplicáveis e uma sequência pedagógica que respeita o tempo real de transformação.
Se fizer sentido para você, o próximo passo é conhecer o Invicta.
Saiba mais aqui: https://vidaveda.org/invicta/

Perguntas Frequentes

1. Plantas medicinais podem substituir medicamentos?

As plantas medicinais são medicamentos. Elas fazem parte do sistema terapêutico clássico da medicina ayurvédica e são utilizadas há milênios para prevenir e tratar desequilíbrios.
No entanto, assim como qualquer medicamento, seu uso depende de dose, preparo, tempo de utilização e contexto individual. Busque apoio em profissionais qualificados, como os que fazem parte da Dr. Integra.

2. Posso usar essas plantas todos os dias?

Depende da planta, da forma de preparo e da sua condição individual.
Algumas ervas podem ser usadas com mais regularidade em doses culinárias; outras exigem mais cautela quando utilizadas de forma concentrada ou contínua.
O Ayurveda não trabalha com regras universais, mas com observação do corpo, do momento de vida e do equilíbrio dos doshas.

3. Plantas medicinais são sempre seguras?

Não necessariamente. “Natural” não significa inofensivo.
Plantas possuem princípios ativos capazes de gerar efeitos terapêuticos e também efeitos indesejados quando usadas de forma inadequada.

4. O Ayurveda e a ciência moderna concordam sobre o uso das plantas?

Ayurveda e ciência moderna partem de métodos diferentes, mas muitas vezes observam os mesmos fenômenos por lentes distintas. Quando colocadas em diálogo essas visões se complementam.


Este conteúdo tem caráter informativo e educacional e não substitui avaliação médica, nutricional ou ayurvédica individualizada. Nele não fazemos diagnóstico nem indicamos tratamentos para casos específicos. Se você apresenta sintomas persistentes, usa medicamentos, está grávida, amamentando ou tem condição crônica, procure acompanhamento profissional antes de mudanças na dieta, sono, exercícios ou uso de suplementos/fitoterápicos.


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