por Marilia Mayorga e Vd. Matheus Macêdo | Vida Veda
Abandonar hábitos não é simples.
Mas, mais difícil do que trocar o que você come ou começar um novo treino é se libertar de formas de pensar que mantêm o corpo em alerta e a mente em conflito.
Uma vida saudável não nasce de uma lista de “faça” e “não faça”.
Ela surge de critérios internos, que alinham o que pensamos com o que vivemos.
Mudanças duradouras acontecem não apenas quando adquirimos novos hábitos, mas também quando abrimos mão daqueles que nos distanciam da vida que queremos ter.
Do ponto de vista do Ayurveda, e também da ciência moderna. três mentalidades sabotam esse processo:
– O imediatismo: ceder ao prazer momentâneo, mesmo que o preço venha depois.
– A pressão social: afastar-se do que você acredita ser certo para se adequar ao que é aceito pelos outros.
– A crença de que saúde é individual: ignorar que somos totalmente dependentes das trocas que fazemos com as pessoas e com o ambiente.
Nas próximas seções, você verá como reconhecer, na vida real, essas três mentalidades e como abrir espaço para abandoná-las e conquistar mais saúde e, consequentemente, mais liberdade.
Assista ao vídeo que inspirou este artigo
3 dicas para uma vida mais saudável | Você vai se surpreender com a terceira
1. a mentalidade de curto prazo
O prazer imediato é um dos maiores inimigos da saúde.
Sendo assim, ele pode se traduzir em escolhas como consumir açúcar refinado, farinhas brancas ou excesso de lácteos, mesmo sabendo que esses hábitos estão associados a inflamação crônica, distúrbios metabólicos e maior risco de doenças cardiovasculares.
Mas o imediatismo não aparece só nas escolhas alimentares.
Ele surge quando você pensa “eu mereço” e, no fim do dia, troca o sono por mais uma série, troca o movimento por mais um tempo no sofá, troca a contemplação pela rolagem infinita nas redes sociais.
Essas estratégias têm um problema inerente: elas dão um alívio agora, mas a conta vem depois.
E o resultado é cansaço, humor instável, apetite desregulado e mais ansiedade, o que reforça o ciclo.
Na linguagem do Ayurveda, esse padrão favorece a formação de āma, que podemos explicar como subprodutos de uma digestão incompleta (esse conceito se aplica tanto aos alimentos quanto às emoções), que se acumulam e geram desequilíbrios.
A medicina moderna descreve algo semelhante com termos como “sobrecarga metabólica” ou “resíduos inflamatórios”, que refletem o resultado dessas escolhas de curto prazo.
É como hipotecar a saúde: “aproveito o prazer agora e pago o preço depois.”
O problema é que essa dívida se acumula e pode cobrar seu preço durante anos.
Superar essa mentalidade não significa viver em restrição.
Significa fazer escolhas com perspectiva de longo prazo e optar por prazeres que alimentam o corpo, a mente e a vitalidade, em vez de drená-los.
Pergunte-se: isso me dá prazer agora e melhora minha saúde depois?
Se não, talvez seja hora de fazer escolhas que além de prazer também te deixam mais saudável.
2. ceder à pressão social
Muitos hábitos que repetimos não são verdadeiramente nossos, na verdade, eles são herdados da família, da cultura ou de grupos sociais.
Aqui no Brasil, churrascos, cervejas e refeições fartas de fim de semana fazem parte de um imaginário coletivo de lazer e pertencimento.
Mas o que é comum nem sempre é saudável.
A pressão social muitas vezes se disfarça de carinho e tradição:
“Ah, mas é só hoje”, “Poxa, eu fiz com tanto amor”, “Não acredito que você não vai comer”.
Por medo de parecer radical, acabamos cedendo, mesmo quando o corpo já mostra que aquilo não faz bem.
Dessa forma, toda vez que escolhemos agradar o grupo em vez de respeitar nossos próprios limites, nossa saúde perde um pouco de espaço.
Um exemplo é sobre o consumo, muitas vezes excessivo, de bebidas alcoólicas.
Estudos mostram que mesmo pequenas quantidades de álcool podem afetar o sono, o metabolismo e aumentar o risco de câncer e declínio cognitivo.
Mesmo assim, a ideia de que “todo mundo faz” continua guiando muitas decisões.
Abrir mão da pressão social não significa se isolar.
Mas ter coragem de ser autêntico, de dizer “isso não é para mim” sem precisar se justificar.
Saúde é também liberdade para escolher o que te faz bem, mesmo quando você vai na direção contrária do que é esperado socialmente.
Praticar saúde é, muitas vezes, criar novos espaços de convivência, onde o cuidado e o respeito valem mais que a pressão de se conformar.
Limites claros não deveriam afastar, mas sim aproximar quem está na mesma frequência de bem-estar que você.
3. acreditar que saúde é um fenômeno individual
Acreditar que saúde é apenas resultado de escolhas pessoais é um dos enganos mais comuns.
Sabemos que alimentação, sono e movimento importam e fazem parte de um núcleo de escolhas individuais, mas ninguém é saudável sozinho.
A saúde individual está profundamente ligada à saúde do ambiente, das relações e da sociedade.
Não adianta dormir bem e comer melhor se vivemos em um contexto de poluição urbana, desigualdade social e estresse coletivo.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de um quarto das mortes globais estão relacionadas a fatores ambientais modificáveis, como qualidade do ar, da água e mudanças climáticas.
Nos últimos anos, especialmente durante a pandemia, ficou evidente o que tanto o Ayurveda quanto a ciência moderna reconhecem: saúde é interdependência.
Uma pessoa doente afeta quem está ao seu redor e uma comunidade doente afeta o planeta.
Relatórios científicos mostram que não há como separar a saúde humana da saúde planetária, pois tudo está conectado.
Como escreveu Marco Aurélio em suas Meditações (Livro VI):
“O que não é bom para a colmeia, não é bom para a abelha.”
Cuidar de si é essencial, mas cuidar dos outros é parte do mesmo processo.
Se o entorno adoece, a saúde individual também se fragiliza.
Por isso, saúde não é isolamento, é cooperação.
Saúde verdadeira não é estar bem sozinho,
mas viver em um mundo onde todos possam estar bem também.
Saúde é equilíbrio dinâmico
A saúde não é um ponto fixo, mas é um ritmo em constante movimento.
Ela oscila, se adapta, muda de direção.
Como quem caminha sobre uma corda bamba, o equilíbrio não está em nunca balançar, mas em ajustar-se continuamente.
O problema é quando se confunde ser saudável com ser perfeito.
Acreditar que estar bem é nunca errar, nunca sair do eixo, nunca adoecer.
Mas o corpo, assim como as fases da vida, funciona em ciclos.
O segredo está em escutar o que cada fase pede, e não em lutar contra o tempo natural das coisas.
O Ayurveda e a ciência moderna também convergem nesse ponto: para ambos, saúde é um processo dinâmico, feito de micro escolhas diárias em cada um dos 4 pilares da saúde: sono, alimentação, movimento e silêncio.
Cada decisão, por menor que pareça, move a balança para um lado ou para o outro.
E tudo bem oscilar.
O essencial é continuar se movendo na direção do cuidado, da coerência e da presença.
Essas três mentalidades sabotam silenciosamente o bem-estar: o imediatismo, a pressão social e a crença de que saúde é individual.
Abandonar essas ideias abre espaço para um cuidado mais consciente, duradouro e conectado com o todo.
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Perguntas Frequentes:
Não necessariamente.
O Ayurveda ensina a observar como cada hábito afeta a digestão, a energia e clareza mental.
A ciência moderna também reforça: o caminho é moderação, não necessariamente a restrição total. Agora, se você consome algo que não te faz bem, talvez seja prudente considerar não consumir mais.
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Ama é o resíduo de uma digestão incompleta.
Em linguagem moderna, pode ser comparado a subprodutos metabólicos que se acumulam no corpo e favorecem inflamação e desequilíbrio.
Não.
Fatores ambientais, sociais e coletivos influenciam tanto quanto os hábitos pessoais.
Cuidar de si é importante, mas cuidar do entorno é parte do mesmo processo de saúde.
Reconheça seus limites, recuse práticas que não te fazem bem e comunique suas escolhas com clareza.
Isso não é rigidez, é autocuidado com coerência.
Este conteúdo tem caráter informativo e educacional e não substitui avaliação médica, nutricional ou ayurvédica individualizada. Nele não fazemos diagnóstico nem indicamos tratamentos para casos específicos. Se você apresenta sintomas persistentes, usa medicamentos, está grávida, amamentando ou tem condição crônica, procure acompanhamento profissional antes de mudanças na dieta, sono, exercícios ou uso de suplementos/fitoterápicos.
Estou cada dia mais apaixonada e interessada em aprender e implementar na minha vida os ensinamentos Ayurveda!
Obrigada Matheus!!! Tu és inspiração, parabéns pelo teu trabalho tão maravilhoso!