​​Prevenção do câncer: como ter uma vida saudável

Uma contextualização sobre a prevalência global do câncer e como prevenir seu surgimento.

Por Vd. Matheus Macêdo e Rodrigo Raposo

O Dia Mundial do Câncer, que ocorreu no dia 04 de fevereiro, é uma oportunidade para disseminar informações sobre prevenção e controle do câncer, e levar questões atuais sobre a doença à população em geral.

O câncer, uma condição complexa e multifatorial, continua a representar um desafio global significativo para a saúde pública. Ao longo das últimas décadas, a incidência do câncer tem aumentado no mundo inteiro, tornando-se uma das principais causas de morbidade e mortalidade em diversos países.

Segundo dados da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), estima-se que, em 2020, foram diagnosticados aproximadamente 19,3 milhões de novos casos de câncer no mundo. Esse número alarmante reflete não apenas o crescimento populacional, mas também mudanças nos estilos de vida, fatores genéticos, envelhecimento da população e exposição crescente a agentes carcinogênicos.

Alguns tipos de câncer são particularmente prevalentes em determinadas regiões. O câncer de pulmão, por exemplo, está frequentemente associado ao tabagismo e à poluição atmosférica, enquanto que o câncer de pele pode ser influenciado pela exposição excessiva aos raios UV. A diversidade geográfica e étnica nos padrões de incidência destaca a necessidade de abordagens personalizadas de prevenção e controle.

Além dos impactos na saúde individual, os custos associados ao tratamento e à gestão do câncer são substanciais, destacando a importância não apenas da prevenção, mas também de estratégias eficazes de detecção precoce e intervenção.

Diante desse cenário desafiador, é importante que a sociedade, os profissionais de saúde e os formuladores de políticas se unam em esforços coordenados para enfrentar a crescente prevalência do câncer. A conscientização, a pesquisa contínua e a implementação de medidas preventivas são elementos cruciais na busca por reduzir o impacto global desta doença devastadora.

Importância da prevenção como uma abordagem eficaz

A prevenção do câncer emerge como uma estratégia essencial na luta contra essa doença complexa e muitas vezes devastadora. Enquanto avanços significativos têm sido alcançados no seu tratamento, a prevenção assume um papel crucial ao abordar as raízes do problema e reduzir a carga global da doença. 

Essa abordagem proativa não apenas preserva a saúde individual, mas também alivia os encargos econômicos e sociais associados ao tratamento oneroso e à gestão prolongada da enfermidade. Veja alguns benefícios de se prevenir contra o risco do câncer:

1 I Custo-eficácia

A detecção precoce e a modificação de fatores de risco podem evitar a necessidade de tratamentos complexos e dispendiosos, contribuindo para a sustentabilidade dos sistemas de saúde.

2 I Qualidade de vida

A prevenção não apenas reduz a incidência de câncer, mas também promove um envelhecimento saudável e uma qualidade de vida mais elevada. Adotar hábitos de vida saudáveis e realizar exames de rastreamento regularmente não apenas previne o câncer, mas também contribui para a saúde global, melhorando o bem-estar físico e mental.

3 I Enfrentamento de fatores de risco

Evitar o hábito do tabagismo, dieta inadequada, exposição ao sol em excesso e sedentarismo, desempenha um papel fundamental na prevenção do câncer. Estar consciente desses fatores e promover mudanças positivas no estilo de vida são estratégias poderosas para reduzir a incidência de vários tipos de câncer.

4 I Detecção precoce

A prevenção não deve apenas se limitar à mudança de hábitos; ela se estende à detecção precoce por meio de exames regulares. Exames de rastreamento, como mamografias e colonoscopias, possibilitam a identificação precoce de lesões cancerosas, aumentando significativamente as chances de tratamento bem-sucedido e cura.

5 I Impacto social

Além dos benefícios individuais, a prevenção do câncer contribui para a coletividade, reduzindo a carga nos sistemas de saúde e permitindo a alocação de recursos para outras áreas. Isso cria uma sociedade mais saudável e produtiva, com indivíduos capazes de contribuir plenamente para suas comunidades.

6 I Promoção da saúde a longo prazo

A adoção de hábitos saudáveis não é apenas uma estratégia pontual; é um compromisso contínuo com a promoção da saúde a longo prazo. Com o cultivo de hábitos saudáveis desde cedo e manter práticas preventivas ao longo da vida, é possível reduzir substancialmente o risco de desenvolvimento de câncer em todas as fases do ciclo de vida.

Em resumo, a prevenção do câncer não apenas salva vidas, mas também é um investimento sábio na saúde global da sociedade. Ao adotar uma abordagem proativa, podemos construir um futuro onde o câncer seja prevenido antes que se torne uma realidade devastadora, promovendo uma comunidade mais saudável e resiliente.

Quais são os fatores de risco evitáveis?

Estar consciente dos fatores de risco de câncer é crucial para orientar a sociedade em direção a escolhas de vida mais saudáveis e para combater a crescente incidência dessa doença.

Veja alguns dos principais fatores de risco que podem ser evitados, acompanhados de estatísticas alarmantes, destacando a magnitude do desafio e a necessidade de ações preventivas.

1 I Tabagismo

O tabagismo continua a ser um dos principais fatores de risco evitáveis para o câncer. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), cerca de 90% dos casos de câncer de pulmão estão diretamente relacionados ao tabaco. Além disso, o cigarro está associado a diversos outros tipos de câncer, contribuindo significativamente para a carga global da doença.

2 I Alimentação inadequada

A má alimentação é responsável por um aumento considerável no risco de câncer. Estudos indicam que até 30% dos casos de câncer estão relacionados a escolhas alimentares inadequadas. O consumo excessivo de alimentos processados, ricos em gorduras saturadas e pobres em fibras e nutrientes essenciais, está diretamente ligado a diversos tipos de câncer, incluindo câncer colorretal e de mama.

3 I Exposição excessiva ao sol

A exposição inadequada aos raios UV é um fator de risco para o câncer de pele. Estatísticas mostram um aumento constante na incidência de melanoma, o tipo mais agressivo de câncer de pele. A conscientização sobre a proteção solar adequada é fundamental, uma vez que dados indicam que a maioria dos casos de câncer de pele é evitável com medidas preventivas.

4 I Inatividade física

A falta de atividade física é um problema global, e suas ramificações na saúde são preocupantes. Estudos apontam que a inatividade contribui para aproximadamente 10% dos casos de câncer de mama e cólon.

5 I Obesidade

A obesidade é um fator de risco evitável associado a vários tipos de câncer. Estatísticas revelam que indivíduos obesos têm um risco aumentado de desenvolver câncer de mama, cólon, endométrio e rins.

6 I Consumo excessivo de álcool

O consumo excessivo de álcool é um fator contribuinte para diversos tipos de câncer, incluindo câncer de fígado, boca e esôfago. Estatísticas mostram que aproximadamente 5% dos casos de câncer no mundo estão relacionados ao consumo de álcool. 

7 I Consumo excessivo de alimentos

A TrueNorth Health Foundation anunciou em 2020 um relato de caso que sugere que o jejum supervisionado por um médico, apenas com água e uma dieta exclusivamente vegetal pode ter o potencial de tratar – e possivelmente reverter – o crescimento de alguns tipos de tumores no período entre a descoberta e a biópsia. O relatório também indica que o jejum e a dieta alimentar podem ser benéficos para controlar a obesidade, a hipertensão e outras condições inflamatórias. Estes resultados levam a acreditar que o hábito de consumo alimentar de forma excessiva pode ter alguma relação com o surgimento de câncer.

Será que estamos nos alimentando mais do que nosso corpo suporta? 

8 I Consumo excessivo de produtos carcinogênicos

A relação entre alimentação e saúde sempre foi um campo de estudo essencial, e recentemente, a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), nos trouxe uma questão preocupante. A IARC categoriza alimentos processados e ultraprocessados como possíveis carcinógenos.

A classificação da IARC baseia-se em extensas revisões de evidências científicas, que apontam para uma associação entre o consumo desses alimentos e um risco aumentado de desenvolver câncer. Alimentos processados, como carnes curadas, bacon e salsichas, foram classificados como Grupo 1, indicando evidência suficiente para sua carcinogenicidade em humanos. Já os alimentos ultraprocessados, que incluem produtos como refrigerantes, biscoitos e fast food, foram classificados como Grupo 2A, sugerindo que há uma probabilidade considerável de causarem câncer.

A ligação entre alimentos processados/ultraprocessados e câncer está relacionada a diversos fatores. A presença de aditivos, conservantes e ingredientes pouco saudáveis nesses alimentos pode desempenhar um papel na promoção do desenvolvimento de células cancerígenas. Além disso, esses produtos muitas vezes contêm níveis elevados de açúcares, gorduras saturadas e sódio, todos associados a riscos para a saúde quando consumidos em excesso.

A conscientização sobre essa classificação da IARC é crucial para orientar escolhas alimentares mais saudáveis e promover políticas públicas que visem reduzir o consumo de alimentos que possam aumentar o risco de câncer. Campanhas educativas podem destacar a importância de uma dieta equilibrada, baseada em alimentos frescos e minimamente processados, contribuindo assim para a prevenção do câncer e para a promoção de hábitos alimentares mais saudáveis.

Embora a pesquisa nesse campo continue evoluindo, a mensagem central é clara: as escolhas alimentares desempenham um papel crucial na saúde, incluindo a prevenção do câncer. A classificação da IARC adiciona um elemento de urgência a esse entendimento, destacando a importância de reconsiderar e redefinir nossos hábitos alimentares para proteger nossa saúde a longo prazo.

Essas estatísticas destacam a magnitude do impacto dos fatores de risco na incidência do câncer. A conscientização, aliada a ações preventivas e mudanças no estilo de vida, é essencial para reverter essas tendências alarmantes e construir um futuro onde a prevenção seja a pedra angular na luta contra o câncer.

Mude seus hábitos e reduza em 30% as chances de ter câncer

A adoção de hábitos saudáveis tem emergido como uma estratégia eficaz na redução das chances de desenvolver câncer. Estudos científicos têm consistentemente evidenciado a forte relação entre escolhas de vida saudáveis e a prevenção de diversos tipos de câncer. 

Este ensaio explora como a prática regular de hábitos saudáveis, como alimentação adequada, a manutenção de um peso corporal adequado a você, bem como atividade física, desempenham um papel crucial na minimização dos fatores de risco associados ao câncer, destacando a importância de um estilo de vida preventivo na luta contra essa doença devastadora.

Como prevenir o surgimento de câncer com Ayurveda

Nos antigos textos ayurvédicos conhecidos como Samhitas, encontramos referências profundas e valiosas sobre várias terapias, incluindo as terapias de Langhana. O termo “Langhana” tem raízes sânscritas e significa “redução” ou “diminuição”.

Uma das escrituras ayurvédicas, o Ashtanga Hrdayam, escrito há 1500 anos,  no Sutrasthana, capítulo 14, verso 10, aborda a terapia de langhana como sendo uma abordagem terapêutica que visa desintoxicar, purificar e equilibrar o corpo, promovendo a redução de tecidos em excesso no corpo.

Os dois tipos de terapia de langhana mais comumente utilizados são:

Jejum

Uma dieta de jejum controlado é prescrita para eliminar toxinas e restabelecer a digestão. Durante o jejum, são preferíveis alimentos leves, como caldos de legumes e grãos cozidos, para facilitar a desintoxicação.

Terapias de Desintoxicação (Panchakarma)

O Panchakarma, um conjunto de cinco procedimentos de desintoxicação, é uma forma avançada de terapia de Langhana. Inclui práticas como o vamana (vômito terapêutico) e virechana (purgação) para remover as toxinas do corpo (ama) e restabelecer o equilíbrio dos doshas.

Conclusão

Embora os testes preventivos desempenhem um papel vital na detecção precoce, a verdadeira essência da prevenção reside na mudança de nossos hábitos cotidianos.

A mudança de hábitos não é meramente uma recomendação, mas uma necessidade imperativa na jornada para prevenir o câncer. A escolha de uma dieta rica em nutrientes, a prática regular de exercícios, a renúncia ao tabaco e a moderação no consumo de álcool são pilares que sustentam a saúde a longo prazo. Estas não são apenas medidas preventivas, mas são atos de amor próprio, investimentos no bem-estar e salvaguardas contra o surgimento do câncer.

Enquanto os testes preventivos oferecem um olhar penetrante na saúde interna, é a mudança consistente de hábitos que molda o curso do nosso futuro. Compreendemos que, ao fazer escolhas conscientes e sustentáveis, estamos construindo um escudo protetor contra a invasão do câncer em nossas vidas. A prevenção, nesse sentido, transcende a simples evitação da doença; é uma celebração da vida e um compromisso contínuo com a nossa própria vitalidade.

Ao abraçarmos uma mentalidade proativa, empoderamos a nós mesmos e às gerações futuras. A mudança de hábitos não é apenas uma medida preventiva, mas uma expressão de autocuidado e respeito pelo milagre que é o nosso corpo. Neste cenário, cada escolha saudável que fazemos é um voto para um futuro mais vibrante e resiliente.

Um grande abraço e lembre-se sempre: saúde é liberdade!