Meditação e Saúde: Benefícios Comprovados!

Os benefícios das práticas de meditação para a saúde tem ganhado cada vez mais destaque ao longo do tempo, sendo crescente o número de artigos publicados nos últimos anos sobre o tema. A relação entre meditação e saúde tem sido objeto de estudo de grupos de diversos pesquisadores, e não faltam evidências sobre a efetividade desta prática milenar como ferramenta benéfica para o tratamento de diversas doenças e condições que comprometem a saúde de um indivíduo. Neste artigo, discutiremos sobre como a meditação pode impactar diretamente na saúde e bem estar do ser humano. 

Atenção Plena: A técnica que pode melhorar a sua vida!

A meditação baseada em Atenção Plena, também denominada de “mindfulness”, é uma das formas de meditação com maior respaldo científico, sendo milhares os estudos científicos a respeito desta prática.  

Mindfulness, derivado da língua pali, possui uma definição desafiadora, pois abrange uma variedade de significados, desde uma técnica até um estilo de vida. No Brasil, é conhecido como “atenção plena”, abarcando a habilidade de manter a mente no momento presente. Em síntese, nesta técnica meditativa, os praticantes observam seus pensamentos, emoções e sensações físicas com uma atenção aberta, relaxada e livre de julgamentos.  

Esta prática, cujas origens remontam a tradições religiosas seculares, como o budismo, ganhou espaço como uma terapia com respaldo científico. Jon Kabat-Zinn, através de seu trabalho no Centro Médico da Universidade de Massachusetts na década de 1970, desempenhou um papel crucial na introdução do mindfulness como protocolo adjunto aos tratamentos de saúde, sendo inicialmente vista como uma ferramenta adicional na psicologia cognitivo-comportamental.  

No entanto, com a popularização da técnica em dias atuais, esta é uma das práticas mais estudadas no campo científico, tendo sido testada em diversas condições de saúde, com resultados que demonstram cada vez mais a sua evidente eficácia, especialmente no tratamento de condições como depressão, ansiedade, dores crônicas e estresse.

Atenção Plena e Ciência: Comprovações sobre os Benefícios da Prática

Diversos estudos científicos apontam que a prática da Atenção plena promove importante redução do estresse e ansiedade, revelando impactos significativos em diversos aspectos da saúde mental. 

Diversos pesquisadores têm concluído que a prática da atenção plena possui aplicações diversas nos cuidados em saúde, com estudos que demonstram benefícios na redução da fadiga, da depressão e ansiedade, e no sentimento de medo em pacientes portadores de doenças graves. Além disso, melhorias substanciais são observadas na qualidade do sono, na qualidade de vida e nos ajustes psicossociais, assim como na atenuação de efeitos adversos de longo prazo associados a diversos tipos de tratamento de doenças crônicas. Intervenções baseadas em mindfulness são relacionadas à melhorias no humor, bem-estar geral e redução do sentimento de angústia, conforme descrito por pesquisadores da área. 

A técnica não apenas fortalece a saúde mental, mas também emerge como um tratamento adjunto eficaz para a dor crônica. Evidências sugerem que tais intervenções baseadas em atenção plena, oferecem alívio significativo para indivíduos que lidam com quadros de dores prolongadas. Essa expansão do escopo de aplicação destaca a versatilidade e a relevância da atenção plena em diversas áreas da saúde. 

Efeitos do Mindfulness no Corpo Humano

Ao longo das décadas, estudos têm buscado compreender os efeitos do mindfulness no funcionamento cerebral e cognitivo. A prática demonstrou impactos positivos na redução de comportamentos impulsivos e reativos, com correlação inversa entre os níveis de mindfulness e traços de impulsividade. Exercícios simples, como o check-in, ampliam a consciência e possibilitam a calibração emocional, oferecendo uma perspectiva única sobre padrões mentais e comportamentais automáticos. 

A interocepção, processo pelo qual o sistema nervoso interpreta sinais internos do corpo, está intrinsecamente ligada à saúde mental e física. O mindfulness, ao desenvolver a metaconsciência e a conexão mente-corpo, oferece uma abordagem para o tratamento de para diversas condições, desde transtornos de humor até vícios e distúrbios somáticos. 

Estudos de neurociência corroboram a relação entre uma mente inquieta e estados de infelicidade, destacando a ativação da rede de modo padrão. Essa rede, associada a lapsos de atenção e distúrbios clínicos, é atenuada pelo mindfulness, promovendo melhorias no funcionamento global. Pesquisas sugerem que a prática está diretamente relacionada à manutenção da atenção, aceitação da experiência e redução de divagações mentais. 

Exemplificando a aplicação do mindfulness, destaco um estudo brasileiro que adaptou o Programa Mindfulness-Based Relapse Prevention (MBRP) para pacientes tabagistas. Os resultados demonstraram que, ao integrar o MBRP ao tratamento padrão, houve melhorias significativas em comparação ao grupo de controle, destacando a adaptabilidade e eficácia da prática. 

Ao integrar a prática secular do mindfulness com as práticas tradicionais de meditação, conseguimos um panorama abrangente para a promoção da saúde integral. A atenção plena não só respeita a diversidade de crenças, mas também se destaca como uma ferramenta acessível, fácil de aprender e aplicar em diversos contextos, sejam encontros presenciais, grupais ou teleatendimentos

Conclusão

Os benefícios da realização das práticas meditativas são conhecidos há séculos, sendo propagados ao longo do tempo por povos de diversas culturas orientais. São inúmeras as técnicas meditativas existentes, com práticas em constantes processos de evolução ao longo do tempo e adaptação à realidade apresentada, sendo a Atenção Plena (mindfulness) um exemplo desse dinamicismo. Pode-se dizer que a ciência, respeitadas as particularidades, passou (e passa) por um processo semelhante durante o seu caminhar na humanidade. Nesse sentido, os estudos científicos publicados sobre a meditação e suas práticas, nem de longe, objetivam a “validação” ou “autorização” para a sua utilização no campo da saúde. Pelo contrário. O conhecimento proporcionado pelo método científico oferece um ponto de vista de entendimento que se soma ao que já se conhece há séculos por diversos povos tradicionais: Meditar vai além de acalmar a mente e respirar. Meditar é trilhar o caminho do autoconhecimento e, durante a caminhada, colher os frutos de uma vida saudável e repleta de bem estar!

Por Rodrigo Tomaz, médico e monitor do Certificado em Casos Clínicos no Vida Veda.