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por Marilia Mayorga e Vd. Mateus Macêdo | Vida Veda

Procedimentos estéticos como botox e Ritidectomia (cirurgia de lifting facial) já fazem parte da rotina de milhões de pessoas ao redor do mundo. Só nos Estados Unidos, as injeções de toxina botulínica para fins estéticos passam da casa dos milhões de aplicações anuais.

Mas junto com a popularização vem uma pergunta que não dá para ignorar:
Botox tem efeitos colaterais?
E, se tem, até que ponto esse risco vale a pena para um procedimento estético eletivo?
Neste artigo, vamos olhar para os dados da medicina moderna e entender como eles dialogam com o Ayurveda.

Por que falar sobre botox?

O objetivo não é ser contra a procedimentos estéticos, mas um convite para olhar mais claro e, se possível, optar por escolhas mais conscientes.

Além disso, precisamos reconhecer um aspecto importante desse debate: vivemos em uma cultura que frequentemente patologiza o envelhecimento.

E, especialmente para mulheres, transforma rugas, linhas de expressão e flacidez em “problemas médicos” que devem ser corrigidos. Estudos de sociologia da saúde mostram que a indústria antienvelhecimento usa discursos biomédicos para dizer que sinais naturais da idade exigem vigilância constante.

Esse contexto cultural influencia como enxergamos certos procedimentos e por que eles parecem tão necessários.


Assista ao vídeo que inspirou este artigo
Efeitos colaterais do BOTOX e outros procedimentos estéticos


O que é exatamente o “botox”?

“Botox” é o nome comercial de um medicamento à base de toxina botulínica tipo A, uma neurotoxina potente produzida pela bactéria Clostridium botulinum.

Dessa forma, em doses muito pequenas e controladas, essa toxina bloqueia a liberação de acetilcolina (neurotransmissor), reduz a contração muscular na região aplicada, e, com isso, suaviza rugas de expressão.

Sendo usado em várias condições médicas, como:
Enxaqueca crônica
Distonia cervical
Condições oculares, como blefaroespasmo e estrabismo
Hiperidrose axilar primária
Disfunção da bexiga

Em estética, as doses são bem menores do que as usadas em doenças neuromusculares, mas ainda assim lidamos com uma neurotoxina potente.

Botox é “relativamente seguro” – o que isso quer dizer na prática?

A revisão do NutritionFacts.org, resume estudos e mostra que:
Injeções de botox para fins cosméticos apresentam complicações em menos de 1 em cada 2.000 procedimentos.
Enquanto os facelifts cirúrgicos têm complicações em torno de 1 em cada 20 procedimentos, dominadas por hematomas (acúmulo de sangue sob a pele) e infecções.

Do ponto de vista estatístico, em medicina, isso costuma ser classificado como “relativamente seguro”.
Mas tem um detalhe importante:
Seguro em porcentagem não é a mesma coisa que irrelevante em números absolutos.

Sendo assim, quando se aplicam milhões de doses por ano, o risco de 1 em 2.000 pode significar dezenas de milhares de eventos adversos.

Importante ressaltar que esse enquadramento de “relativamente seguro” também participa de uma lógica cultural que reveste práticas estéticas de linguagem científica e uma vez enquadradas como intervenções de saúde, elas ganham legitimidade e passam a parecer quase um dever de autocuidado.

Contudo, esse fenômeno é tão forte que muitos anúncios de cosmecêuticos, utilizam retórica médica para apresentar procedimentos como “tratamentos” para uma suposta doença: o envelhecimento.

Lifting Facial: quais são as principais complicações?

O lifting facial, cuja nomenclatura médica é ritidectomia, é uma cirurgia.
Mesmo sendo considerado um procedimento eletivo, em mãos experientes e com técnica adequada, as taxas de complicação são relativamente baixas, mas não necessariamente nulas.

As revisões dos artigos e de bancos de dados cirúrgicos também mostram como complicações (das mais comuns às mais raras):
Hematoma
Lesões nervosas
Necrose de pele
Cicatrizes aparentes
Deformidades da orelha
Seroma
Lesão no ducto da parótida
Queda de cabelo
Resultados estéticos insatisfatórios
Infecção
Trombose venosa profunda (TVP)

Além disso, um ponto relevante é o fato de que fumar pode aumentar em até 20 vezes o risco de necrose de pele após um procedimento de facelift. A indicação sugerida é se abster do hábito de fumar por 30 dias antes e 30 dias depois da cirurgia.

E os riscos específicos do botox?

Os tratamentos com toxina botulínica (como Botox, Dysport, Xeomin e Jeuveau) são considerados seguros, mas algumas reações podem acontecer:

Dor no local da aplicação
Sendo o efeito mais comum e costuma ser leve e temporário.

Inchaço (edema)
Pode aparecer logo após as aplicações e, em geral, melhora em poucas horas ou dias.

Ptose (queda da pálpebra ou sobrancelha)
Acontece quando a toxina migra para músculos próximos. Apesar de assustar, é reversível e temporária.
Complicações graves são raras, e estão mais relacionadas a sintomas sistêmicos (como alergias, alterações visuais importantes ou fraqueza muscular), e não aos efeitos locais mais comuns, como dor, inchaço ou ptose.

Quantas complicações são muitas complicações?

Em primeiro lugar, uma parte importante da reflexão é olharmos com mais profundidade a escala e o contexto.
Se uma taxa de complicação é “1 em 2.000”, isso soa baixo.
Mas, se em um país são feitas milhões de aplicações por ano, esse “1 em 2.000” vira:
dezenas ou centenas de eventos adversos todos os meses, somando desde efeitos estéticos indesejados até casos mais sérios.

Dados de bancos regulatórios mostram, por exemplo, cerca de 29 mil eventos adversos relacionados à toxina botulínica reportados ao FDA em cerca de cinco anos, o que é algo próximo de dezenas de casos por dia.
E aqui entra a nuance:
Do ponto de vista da estatística médica, é considerado seguro.
Porém, do ponto de vista de uma vida individual, um efeito adverso sério em um procedimento puramente eletivo pode não ser tão fácil de aceitar.

Sendo assim, essa reflexão também dialoga com algo observado em pesquisas de consumo: quando “se manter jovem” vem com uma roupagem moral, quase sempre associada à disciplina, cuidado, responsabilidade e até competência, o risco individual passa a ser relativizado.

Muitas mulheres relatam sentir que “não fazer nada” diante do envelhecimento seria sinal de descuido ou fracasso pessoal.
Ou seja, a decisão raramente é puramente médica; ela é atravessada por expectativa social, de gênero, estética e até de autoconceito.

Onde o Ayurveda entra nessa conversa?

O Ayurveda não fala de “botox” e “lifting facial”, mesmo porque essas são tecnologias muito posteriores aos Samhitas.
Mas os textos clássicos falam longamente sobre:
Jara – o processo natural de envelhecimento;
Ayush – a vida em termos de tempo, qualidade e propósito;
Saúde como equilíbrio, não como ausência dos sinais próprios do envelhecimento.

Da perspectiva ayurvédica:
envelhecer é natural
O objetivo não é “nunca ficar velho”, mas viver o máximo de tempo possível com o máximo de saúde possível;
Intervenções devem ser avaliadas não só pelo efeito imediato na aparência, mas também pelo impacto em risco global de saúde, relação com o próprio corpo e coerência com o propósito de vida.

Contudo, isso não significa que “quem faz botox está errado”.
Mais sim que, antes de decidir, vale a pena perguntar com honestidade:
Por que eu quero esse procedimento?
Que problema real ele está resolvendo?
Eu entendo mesmo os riscos e alternativas?

O Ayurveda convida para uma postura de auto-observação e responsabilidade, ou seja, escolher sabendo o que se está fazendo, com o máximo de informação e o mínimo de ilusão possível.

Como tomar decisões mais conscientes sobre procedimentos estéticos

Alguns pontos práticos, juntando medicina moderna e Ayurveda:

1 – Entenda a hierarquia de evidências
Não baseie decisões só em relatos de influenciadores ou “antes e depois” nas redes sociais. Primeiramente, dê mais peso para estudos clínicos, revisões sistemáticas e dados oficiais.

2 – Converse com profissionais qualificados
Procedimentos com toxina botulínica devem ser realizados por profissionais de saúde habilitados, em ambientes regulamentados, com produto regularizado (no Brasil, pela Anvisa).

3 – Avalie o risco x benefício pessoal
Para uma cirurgia necessária (como desobstruir uma artéria), aceitar um risco faz sentido.
Porém, para um procedimento puramente estético, o limiar de aceitabilidade pode (e talvez deva) ser diferente.

4 – Cuide da base antes do detalhe
Do ponto de vista ayurvédico, sono, alimentação, movimento e silêncio (Os 4 Pilares da Saúde) têm impacto muito maior na vitalidade e até na aparência da pele do que qualquer intervenção pontual.

5 – Atenção à saúde mental e à pressão estética
Muitos estudos mostram que mulheres são desproporcionalmente alvo de pressão para “parecer mais jovens”, e isso influencia decisões sobre procedimentos.
Observar isso com carinho – sem culpa – também faz parte do cuidado.
Essa pressão não nasce do indivíduo, mas de discursos culturais que associam juventude à virtude, sucesso e feminilidade, e que tratam sinais naturais do envelhecimento como falhas a serem corrigidas.

Botox funciona?

Botox e lifting facial, quando bem indicados e executados por profissionais qualificados, são considerados relativamente seguros do ponto de vista estatístico.
Mas “relativamente seguro” não é o mesmo que sem risco.
Existem efeitos colaterais possíveis, partindo de pequenos e transitórios até raros, porém graves e eles precisam entrar na conta, principalmente quando falamos de um procedimento eletivo, cujo objetivo é estético e não vital.

O Ayurveda não condena a vaidade, mas convida para algo mais profundo:
qual é o tipo de beleza e longevidade que você quer cultivar?
Mais do que prometer uma pele sem rugas, o foco é construir uma vida em que:
corpo, mente e propósito caminhem juntos, as escolhas partam de um lugar de consciência e informações seguras e a saúde seja entendida como liberdade, não como imposição de padrão.

A verdadeira pergunta talvez não seja apenas “isso funciona?”, mas “isso faz sentido dentro do tipo de vida, saúde e relação com meu corpo que quero construir?”.

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Perguntas Frequentes

1. Botox tem efeitos colaterais mesmo quando aplicado por profissional habilitado?

Sim. Mesmo em mãos experientes, há rico de efeitos adversos, como assimetria facial, pálpebra caída, dor ou inchaço no local e, raramente, complicações mais sérias.

2. Facelift é um procedimento seguro?

Em termos relativos, sim: a maioria das pessoas não apresenta complicações graves. Mas estudos mostram taxas em torno de 5% para complicações como hematomas, infecções, cicatrizes problemáticas ou pequenas assimetrias, e uma parcela ainda menor de lesões nervosas permanentes. É fundamental escolher cirurgiões experientes, evitar cigarro e entender muito bem o risco-benefício.

3. O Ayurveda “proíbe” botox ou procedimentos estéticos?

Não. O Ayurveda tradicional nem discute botox, porque isso não existia na época dos textos clássicos. O que ele traz é um olhar sobre longevidade, propósito e equilíbrio. A decisão de fazer ou não um procedimento estético é pessoal; o que o Ayurveda pode oferecer é um referencial para você avaliar se essa escolha está alinhada com a vida que você quer cultivar.

4. Se eu focar nos 4 Pilares da Saúde, não preciso me preocupar com rugas?

Cuidar dos 4 pilares da saúde melhora muito a saúde da pele e a vitalidade, mas não cancela o processo natural de envelhecimento. A ideia não é “nunca ter rugas”, e sim envelhecer com saúde, autonomia e coerência com seus valores.
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Este conteúdo tem caráter informativo e educacional e não substitui avaliação médica, dermatológica ou ayurvédica individualizada. Nele não fazemos diagnóstico nem indicamos tratamentos para casos específicos. Se você apresenta sintomas persistentes, usa medicamentos, está grávida, amamentando ou tem condição crônica, procure acompanhamento profissional antes de mudanças na dieta, sono, exercícios ou uso de suplementos/fitoterápicos.


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