Como o Ayurveda lida com a questão da menopausa e reposições hormonais? Leia este artigo e saiba como o Ayurveda pode te ajudar nessa etapa da vida que não precisa ser sinônimo de desconforto.
Por Matheus Macêdo e Rodrigo Raposo
A vida é feita de ciclos
Ciclar é universal: planetas, ecossistemas, estações. Tudo passa por ciclos. E com a mulher não é diferente. O ciclo faz parte dela em cores vivas, desde muito nova.
A mulher tem a oportunidade de observar através da sua própria natureza as mudanças que podem ocorrer no seu corpo ao longo da sua vida: menstruação, gestação e menopausa.
Gosto de pensar que as mulheres têm a sorte de poder entender desde muito cedo o impacto dos ciclos na própria saúde. As mulheres podem perceber seus ciclos e aprender a prestar atenção nos hormônios e nas alterações do corpo.
É por isso que a menopausa é um momento tão decisivo, com o potencial de abalar a autoestima das mulheres se não for tratado com o cuidado que merece. Ressignificar e aceitar essa etapa da vida como um processo natural pode ser o primeiro passo.
“Compreender nosso ciclo menstrual é tão natural como sentir fome ou sono, com ênfase na necessidade de observação dos sinais físicos das diferentes fases do ciclo menstrual”, diz a ginecologista Bel Saide, pioneira na ginecologia natural.
A menopausa é apenas o terceiro momento da vida de uma mulher. E no mundo em que vivemos hoje em dia, essa é, na maioria dos casos, a maior parte da vida da mulher. A primeira parte dura uns 12 anos, a segunda parte dura mais uns 38 anos, talvez menos. A terceira parte pode durar uns 40 ou até mais.
Portanto, precisamos entender que a menopausa não é o “início do fim da vida” de uma mulher, mas sim a metade de um centenário. Você sabia que o número de pessoas com mais de 100 anos no país cresceu 67% desde 2010, com as mulheres liderando essa estatística?
Sobre a reposição hormonal
Muitas vezes me procuram pedindo receitas de reposição hormonal não-medicamentosa. Isso é um erro conceitual: se você está fazendo uma reposição, com certeza, ela envolve um medicamento. Mesmo uma substância natural, uma erva, é considerada medicamento para o Ayurveda.
Mas por que partimos do princípio de que, já na pré-menopausa, a mulher precisa buscar repor os hormônios que “perdeu”? Por que todas as mulheres precisariam desse tipo de intervenção?
Na nossa ânsia de simplificar as coisas, deixamos de honrar a complexidade do corpo humano, em especial do corpo feminino. Às vezes, aplicamos a lógica de uma receita culinária qualquer: “se está insosso, basta adicionar sal.”
Mas a fisiologia humana é muito mais intrincada do que simplesmente adicionar ingredientes numa panela. Adicionar um hormônio específico pode produzir um novo desequilíbrio, pois a bioquímica funciona por meio de sistemas de feedback positivos e negativos.
Dito de forma simples: tudo afeta tudo. Aquele creme de testosterona pode mexer em muitas coisas além do número que aparece no seu exame.
Por que repomos hormônios?
A reposição hormonal é um avanço científico maravilhoso que pode ajudar muita gente. Mas o fato de ser útil para algumas pessoas não significa que deveria ser padrão para todo mundo.
Na maioria das vezes, quando se trata de menopausa, a necessidade de reposição hormonal parte da visão de que seu corpo perdeu a governança. A perspectiva de reposição é que o corpo agora precisa de intervenção externa para se regular.
O que proponho é um olhar individualizado e de carinho. Carinho com você e com a sua mudança de vida. Talvez você precise de uma intervenção temporária. E acho fundamental fortalecer a consciência de que você não “quebra” quando envelhece.
Existe uma perspectiva de que a mulher precisa ser “consertada” quando passa pela menopausa. E a lógica parte da ideia de desistir do corpo e entender a menopausa como um “erro de projeto”. Quem ganha com essa lógica de invalidação? Você ainda tem grande parte da vida para viver, e seu corpo é um veículo maravilhoso.
A menopausa é uma fase de transição, como quando passamos por estações do ano, como do verão para o outono, por exemplo. Nós olhamos para o mundo, sentimos a mudança de temperatura, e nos preparamos com roupas mais quentes.
Respeitar a transição
Quando você passou por uma transição parecida, a menarca, foi a mesma relação. Você viveu uma virada hormonal, a menstruação, e a revolução do corpo: crescimento dos seios, pelos, possível surgimento de dores e desconforto com o início do fluxo.
Poderíamos ter parado naquela época e pensado: isso é um erro de projeto, precisamos parar a adolescência com reposição hormonal. Mas nós não questionamos a transição natural da adolescência. Então por que na menopausa o seu corpo estaria “quebrado”? Na verdade, essa é mais uma virada hormonal natural.
Delicada? Talvez. Dolorosa? Para muitas mulheres, sim. Assim são as transições e você precisa respeitar a sua individualidade e necessidades particulares nesse momento.
Reposição hormonal não é errado
E quero deixar claro: sou muito grato por termos a tecnologia para fazer intervenções hormonais. Médicos sensíveis conseguem avaliar a necessidade de fazer isso com maestria. Mas precisamos levantar a questão: por regra, toda mulher tem que passar por reposição?
Nossa sociedade oprime as mulheres, exigindo que aos 60 anos elas tenham a mesma pele dos 30, a mesma libido dos 20, ou seja, que elas não mudem, não sejam cíclicas. E isso é injusto, porque priva a mulher de viver plenamente suas fases.
Dentro do meu lugar de fala, como profissional de saúde, não vejo defeitos físicos em uma mulher saudável que envelhece. Cada estação do ano e cada fase da vida tem seus prós e contras, suas belezas e desafios. Talvez a reposição mais urgente seja de autoamor e autoaceitação. E respeitar os momentos da transição, que exigem paciência.
“Não se compare às outras pessoas. Você é única. Alimente sua autoestima diariamente”, costuma dizer Carolina Lana, especialista em ginecologia natural.
Quem acaba de terminar um relacionamento, por exemplo, talvez não esteja pronta ainda para começar a sair com alguém. As transições levam o tempo que levam e estar presente e consciente é o melhor jeito de não criar complicações desnecessárias nesses momentos delicados.
Precisa de ajuda na menopausa? Converse com diversos médicos, mas não esqueça de viver a transição plenamente. Sem apego ao passado. Você não precisa ser agora quem já foi um dia.
Como o Ayurveda pode te ajudar?
O Ayurveda ajuda na transição quando focamos no presente. Ou seja, como você está se sentindo hoje?
Todos os dias, lidamos com o hoje. Com as possíveis securas, ondas de calor, mudanças na pele. Com a busca constante pelo novo ponto de equilíbrio. Cada pessoa tem o seu corpo e ele muda de momento a momento mesmo. A natureza é assim mesmo e nós somos parte dela. Para mim, uma das coisas mais lindas de lidar com seres humanos é exatamente isto: cada pessoa é um universo inteiro.
Abraços e lembre-se sempre: saúde é liberdade!
PS. Quando os termos “mulher” e “saúde feminina” são usados nesse texto, eles se referem a pessoas cisgênero, ou seja, pessoas do sexo feminino que se identificam com o gênero feminino.
O texto faz um recorte de gênero sem, entretanto, ser excludente com quaisquer identidades de gênero.
Obrigada pelo conteúdo , sou Terapeuta Ayurveda e formo ano que vem em Nutrição Funcional Integrativa , atendo muitas mulheres na menopausa e o Ayurveda é lindo quando se trata de uma transição , autoamor esta fase da vida da mulher!!
Obrigada Matheus!
Como o ayurveda pode nos ajudar nesta fase da menopausa tão complicada com dezenas de sintomas que impactam grandemente na nossa saúde e qualidade de vida? Surgimento osteoporose e resistência a insulina por exemplo .
Olá, Jaqueline. Nós entendemos que cada pessoa é um ser único e complexo. Para ajudar alguém em casos de menopausa complicadas, é preciso uma análise minuciosa de cada caso. Caso tenha interesse em agendar uma consulta, entre em contato com [email protected]. Grande abraço.
Esse artigo foi reconfortante e esclarecedor. Muito grata.
Gosto muito das suas explicações sobre alimentação natural e também penso que não precisamos tomar hormônios sintéticos.
Excelente artigo!
É assim que penso!!
Muito obrigada!!!
Excelente material. Muito obrigada por compartilhar.
Nao me ajudou em nada. So perdi meu tempo . Acho que deveria respeitar as mulheres na menopausa. São idosas. Merecem respeito
Muito grata pelo artigo Matheus, foi de grandioso esclarecimento pra mim, pois tenho receio de reposição hormonal e a luta constante comigo mesma nessa confusão da pré menopausa, Gratidão 🤍
Cada pessoa, na menopausa ou não, recebe o que a vida oferece, sendo um texto como este que conforta ou a sua própria “estação” da vida como um presente🙌🏻
Muito obrigada, eu gostei muito!
E com relação aos folgachos demasiados? Há 9 anos sofro com isso e não posso fazer reposição. Estou há uns 4 anos no ayurveda, sigo as recomendações e nada. O q fazer mais?
Olá, Marcia. Para casos de saúde, se você tiver interesse em agendar uma consulta, recomendo entrar em contato com [email protected]. Grande abraço
Olá equipe Vidaveda e Dr Matheus!
Muito obrigada pelo artigo.
Estou na menopausa a 2 anos.
Entrei no climatério aos 45 anos.
Hoje, em 2023, tenho 47 anos.
Entrei no climatério em 2021 com 45 anos, durante a pandemia COVID-19.
Por ter hipotireoidismo meu sono já era ruim, no climatério piorou bastante, devido aos fogachos noturnos, sempre acompanhados de muito calor, sudorese e depois sentia frio.
A sensação que eu tinha é que meu corpo estava pegando fogo, principalmente na parte superior do Tórax, da nuca e do pescoço.
Eu acordava exausta, como se tivesse passado a noite em claro, mesmo tendo conseguido dormir algumas horas.
Como estávamos na pandemia, morrendo cerca de 4 mil pessoas por dia, era muito difícil conseguir marcar uma consulta médica.
Diante deste cenário, fui para o YouTube pesquisar sobre o assunto e encontrei médicas e médicos maravilhosos que tiveram que sair do consultório (devido a pandemia) e foram para a Internet dividir seus conhecimentos em vídeos educativos, lives etc.
Foi assistindo os vídeos dos médicos no YouTube (inclusive os vídeos do Vidaveda no projeto 0800) que aprendi que meus hábitos, inclusive alimentares, impactavam diretamente de modo geral na minha saúde e, de modo específico, nos terríveis sintomas do climatério/ menopausa, inclusive nos fogachos.
Comecei a retirar alguns alimentos da minha alimentação e comecei a dormir melhor e a ter redução dos fogachos.
Quando eu comia novamente estes alimentos, os fogachos voltavam.
Foi nesse sofrimento que virei a chave e entendi que glúten, açúcar e leite (e todos seus derivados) eram os gatilhos que ativavam todos os meus sintomas: fogachos, mal estar, indisposição, cansaço, tristeza e oscilações de humor.
Retirando estes 03 alimentos da minha alimentação, os fogachos zeraram e os demais sintomas diminuíram bastante.
Infelizmente fiz muita coisa errada durante a minha vida, como por exemplo, comer muitos produtos industrializados (chocolates, doces, balinhas, pães, bolos, tortas etc) e tomar anticoncepcional. Eu tinha o fluxo menstrual muito intenso e com cólicas nos primeiros dias do ciclo e, por recomendação da ginecologista, comecei a tomar anticoncepcional aos 18 anos, mesmo sem ter vida sexual ativa.
A ginecologista passou anticoncepcional para amenizar os sintomas e como amenizava, eu tomei anticoncepcional dos 18 aos 45 anos de idade.
Só parei o anticoncepcional quando entrei no climatério.
Outra coisa que aprendi na menopausa é que compensar nos alimentos doces e açucarados todas as emoções, decepções e frustrações é uma péssima ideia, porque o prazer que os doces, chocolates, sorvetes, bolos, tortas, biscoitos dão é momentâneo, mas os efeitos colaterais são duradouros.
Graças à Deus, com esta mudança na alimentação e com exercícios físicos de musculação 05 vezes por semana, deixei de ser hipertensa (eu tomei remédio para hipertensão arterial por 11 anos), zerei os principais sintomas da menopausa e melhorei bastante meu sono.
Hoje consigo fazer apenas 02 refeições por dia: almoço e janta.
Depois que tirei da minha alimentação os industrializados, açúcar, leite e glúten, eu consigo pular o café da manhã sem sofrimento.
Não faço reposição hormonal.
Tenho nódulos/ cistos com classificação behinds 3 nas mamas.
Também tenho casos de câncer de mama na família.
Sei que cada ser humano é único.
Cada mulher sente a menopausa de um jeito.
Sei que o que as melhoras significativas que tive com as mudanças que fiz pode não dar certo para todas as mulheres, mas espero ter contribuído de alguma forma, compartilhando um pouco da minha história. Abraços e fiquem com Deus!
Adorei o conteúdo. Muito esclarecedor. Faço reposição sintética ha quase 5 anos 😓. Vou mudar isso.
Adorei o conteúdo. Muito esclarecedor. Faço reposição sintética ha quase 5 anos 😓. Vou mudar isso.
Excelente e esclarecedor!!! estou chegando a esse ciclo e esse artigo me trouxe muito sobre ACEITAR, as vezes criamos conflitos desnecessários e a melhor saída sempre é buscar informações e seguir aquilo que realmente sentir confiança ! Cada uma pode encontrar uma solução diferente, mas tem que olhar pra si e entender que cada um encontrará a sua! Obrigada Matheus
Que artigo maravilhoso! Adorei a sensibilidade com que o tema foi tratado